terça-feira, novembro 29

segunda-feira, novembro 28

Sorriso



"tudo no teu sorriso diz
 que só te falta um pretexto
 para seres feliz"

 __ Mário Cesariny


(frame de O Novo Mundo)

sexta-feira, novembro 25

"Trabalhar em Portugal como guionista tornou-se uma impossibilidade"

Nuno Soler não teve medo de arriscar. Com uma enorme paixão pela escrita e pela 7ª Arte, este jovem português decidiu agarrar o seu sonho e investir na sua vocação. Saiu de Portugal e foi estudar para a Vancouver Film School. Os resultados? Uma curta-metragem que escreveu, "Growing Up Julianne", foi a vencedora da categoria de "Best Fantasy" no International Student Film Festival Hollywood.


O que te fez sair daqui para estudar e trabalhar como guionista?

Terminada a licenciatura de Cinema e Comunicação Multimédia trabalhei em vários projectos durante dois anos, projectos esses que não me ajudaram a desenvolver as minhas capacidades como guionista, que rapidamente me mostravam a impossibilidade de seguir o meu sonho e que diariamente me frustravam pela falta de know-how e profissionalismo que uma pessoa espera em qualquer indústria onde pretende construir uma carreira.
Para mim, trabalhar em Portugal como guionista tornou-se uma impossibilidade. A falta de produtos de qualidade que te possam dar alento e objectivos são nulos e a falta de oportunidades - amo o cinema mas como escritor é sempre um alivio quando podes passar de uma longa-metragem para um livro de banda desenhada ou de uma curta-metragem para um jogo de vídeo - e a falta de apoio pelos profissionais já estabelecidos no mercado, onde a inveja e o ego reinam, tornaram a minha decisão fácil de tomar.
Esta foi a minha experiência durante dois anos, ao ver que Portugal em termos de entretenimento multimédia é um mini-mercado. E eu não queria desperdiçar o meu sonho num mini-mercado.

Quais foram as vantagens de sair?

Todas. Não só cresci como escritor e como profissional, mas também a um nível pessoal onde todos os dias enfrentas um desafio novo, e mais dias que menos, vences sempre esse desafio. A um nível pessoal, uma pessoa cresce como ser humano a partir do momento que quebra com o mundo onde esteve dependente toda a sua vida, onde comunica com pessoas de diferentes culturas diariamente, procurando satisfazer todas as necessidades destas sem comprometer as suas. Nunca há um momento aborrecido pois divertes-te enquanto trabalhas.

O que sentias que fazia falta em Portugal?

O que faz falta em Portugal é visão. É humildade para aprender como contar uma história que seja universal nos seus temas e única na sua narrativa. É pensar que os espectadores são pobres de espírito e não trabalhar em narrativas interessantes ou criar histórias para um nicho intelectual que não tem peso algum no mercado. Não existe meio termo ou variedade em Portugal para que a indústria cinematográfica e os seus profissionais cresçam.

Como é que a tua vida mudou?

Tenho mais oportunidades de trabalho, mais pessoas com vontade de criar produtos únicos para uma maior audiência. Com cada projecto cresces profissionalmente, aprendes técnicas novas, aprendes com pessoas que têm uma experiência de vida incrivelmente distinta da tua, o que fornece maior criatividade e uma visão mais alargada do mundo em que vives.

Como é a tua vida agora?

Todos os dias me levanto sabendo que vou criar algo novo, uma história nova com pessoas que querem aprender tanto como eu, que são incansáveis em produzir algo inovador e com uma qualidade excelente. Pessoas que não têm medo de comprometer-se no seu trabalho pois sabem que o produto final irá ter impacto devido ao seu longo, árduo, processo criativo.

Tencionas voltar?
Não.

quarta-feira, novembro 23

A Academia Portuguesa de Cinema



João Nunes é guionista, realizador e publicitário, autor associado das Produções Fictícias e presidente da APAD (Associação Portuguesa de Argumentistas e Dramaturgos).
Os seus trabalhos contam com títulos como "Assalto ao Santa Maria", "Um Tiro no Escuro", "A Selva", "Liberdade 21" ou "Inspector Max".

É também membro fundador da nova Academia Portuguesa de Cinema, sobre a qual se disponibilizou para me responder a algumas perguntas:




Como nasceu a Academia?

A Academia Portuguesa de Cinema é um velho sonho de muitos profissionais do cinema, que já passou por muitas fases. Recordo-me de estar envolvido em algumas reuniões preliminares há cerca de dez anos, a convite do Paulo Trancoso.
E foi precisamente o Paulo Trancoso que, com a sua persistência e tenacidade, manteve aceso o sonho de criar a Academia e lhe deu um empurrão definitivo, reunindo uma equipa que, no último ano, conseguiu finalmente levar o projeto a bom porto.
É por isso que vi com muita satisfação a sua eleição para primeiro Presidente da Academia, uma distinção que ele merece mais do que ninguém, e que prestigia a Academia e todos os seus membros.

Quais os seus objectivos?

Em traços muito gerais, o objetivo da Academia é, como se pode ler nos seus estatutos, "promover nacional e internacionalmente o cinema português". Os estatutos completos podem ser consultados em http://academiadecinema.com/academia/estatutos/. Uma leitura rápida mostra que essa promoção será feita essencialmente através do desenvolvimento técnico e artístico do cinema português, da valorização dos profissionais, do relacionamento com outras instituições, e da atribuição de prémios.
Este último aspecto terá, naturalmente, uma visibilidade e impacto muito grandes. Os prémios da Academia, que ainda não têm um nome definitivo, serão os mais valorizados, pois representam o reconhecimento do valor do trabalho dos profissionais de cinema feito pelos seus próprios pares. Não é por acaso que os prémios das várias academias são sempre os mais esperados em cada mercado.

Poderá a Academia mudar o panorâma do cinema nacional?

Fazer cinema é um ato de amor e dedicação, e todos gostaríamos que os nossos filmes chegassem a mais pessoas. Se a Academia conseguir contribuir para que o público português se aproxime mais dos seus cineastas e criadores, e aprecie melhor o enorme esforço que cada filme representa, já terá um impacto muito grande no nosso trabalho.


João Nunes tem um Blog imperdível para os mais interessados na área. 
Deixo o link para que possam visitá-lo.

segunda-feira, novembro 21

“O Que Falta ao Cinema Português é Honestidade”

 

O cinema português apresenta das piores taxas de adesão de toda a União Europeia. Não há uma preocupação com as necessidades do público, nem há uma contribuição do público para uma tentativa de melhorar estas estatísticas.



Foi com muita descontracção que Tiago R. Santos, guionista de “Call Girl”, “A Bela e o Paparazzo” e “Liberdade XXI” (entre outros) acedeu a dar a sua visão sobre um problema com o qual vive há já alguns anos. Abaixo um excerto da entrevista.



Onde começa o problema que o cinema português enfrenta?

Acho que há filmes em Portugal que são feitos com um objectivo errado, ou com um objectivo desonesto. São um acto de pretensiosismo intelectual e artístico onde a “não-comunicação” é (para quem os faz) uma mais valia. Há quem diga que o cinema não serve para contar histórias. Mas se o cinema não servisse para contar histórias, não se tinha tornado sequer no que é hoje. O que falta ao cinema português é honestidade.

quinta-feira, novembro 10

The Lisbon Ballerina Project

Luís Rocha dos Reis iniciou um projecto artístico - The Lisbon Ballerina Project - inspirado num conceito que nasceu em NYC, EUA.

Na próxima 6ª feira, dia 11, este magnífico trabalho estará exposto no LXFactory (Edifício H) entre as 16:00 e a 00:00. A entrada é livre.

Para quem não conhece, recomendo uma visita ao blog DancinPhotos.

quarta-feira, novembro 9

terça-feira, novembro 8

Acaso No Son Hombres?


Yo soy la voz de Cristo que clama en el desierto. Dice esa voz que todos estáis en pecado mortal y en él vivís y morís, por la crueldad y tiranía que usáis con esta gentes” __ Antonio Montesinos, 1511

También La Lluvia é um filme de Icíar Bollaín com uma visão realista e uma representação muito particular sobre a "Guerra da Água" na Bolívia (Abril de 2010). Um argumento soberbo de Paul Laverty e interpretações fantásticas, com destaque para Juan Carlos Aduviri (Daniel).

O filme conta a história de um produtor de cinema (Luis Tosar) e um jovem realizador (Gael García Bernal) que viajam para a Bolívia para rodar um projecto ambicioso e arrojado, que mostra Cristóvão Colombo como um explorador de povos indígenas. Nessa altura, rompe em Cochabamba uma guerra contra a privatização de toda a água do país, coisa que nenhum dos dois esperava.

É extremamente interessante ver o paralelo entre aquilo que eles estão a filmar (que data de 500 anos antes) e aquilo que está a acontecer naquele país à data, e perceber que pouco ou nada mudou. É um filme que convida a uma intensa reflexão.

Deixo um artigo de Paul Constance (BIDAmérica, Junho de 2005), com uma visão interessante sobre estes factos históricos.

Para os mais interessados, deixo também o trailer oficial (versão Inglesa).

segunda-feira, novembro 7

Nos Idos de Março


Assisti ontem à antestreia de Nos Idos de Março, no cinema Monumental. Fiquei particularmente satisfeita com o que vi. Não sendo absolutamente brilhante ou inovador, o mais recente filme de George Clooney representa de forma astuta os jogos sujos de uma campanha política. O ponto forte são as personagens (e os actores, com destaque para um muito maduro Ryan Gosling). É interessante que o que ali importa não é se o Governador Mike Morris ganha ou não o seu lugar na presidência; o que faz andar o filme são os jogos de poder, quem ganha e quem perde com esses jogos, quem joga de um lado ou do outro.

Um drama político realista. Uma Evan Rachel Wood interessante. Um soberbo Ryan Gosling.

Nos cinemas a 10 de Novembro!

sexta-feira, novembro 4

Lisbon & Estoril Film Festival 2011


Arranca hoje a edição deste ano do Lisbon & Estoril Film Festival '11, pela primeira vez expandido a Lisboa. Paulo Branco, director do evento, não limita o festival à 7ª Arte - destacam-se as exposições (de nomes como Miquel Barceló, Peter Suschitzky, Darius Khondji), os concertos (Sophie Auster), um Simpósio Internacional "Os Direitos de Autor na Era da Internet: que futuro para as indústrias culturais?", Masterclasses e encontros com o público, bem como algumas actividades para os mais novos (Cinemateca Júnior).

Destaco também a forte programação Fora da Competição, com exibições exclusivas (e absolutamente imperdíveis): "La Piel Que Habito" de Pedro Almodóvar, "Restless" de Gus Van Sant, "Melancholia" de Lars von Trier, "The Ides of March" de George Clooney, "A Dangerous Method" de David Cronenberg e "Carnage" de Roman Polanski, entre tantos outros. Pode consultar toda a programação aqui.

O festival reserva ainda algumas outras surpresas, entre elas uma entrevista exclusiva a Jean-Luc Godard no Simpósio Internacional - L'ogre et le petit poucet, a exibição da mini-série da HBO (sobre a qual há um post mais abaixo) Mildred Pierce, bem como o filme de Michael Curtiz "Alma em Suplício", adaptado da mesma obra.

Finalmente, os filmes em Competição prometem revelar um novo cinema europeu que se espera brilhante, com uma selecção de 11 obras de jovens realizadores. Os títulos, autores e sinopses poderão ser encontrados aqui. O júri deste ano conta com nomes incontornáveis das Artes (de áreas diversas como o Cinema, a Música, as Artes Plásticas e Literatura), entre eles J. M. Coetzee, Paul Auster, Don Dedillo, Peter Handke e Luca Guadagnino.

O Festival irá decorrer entre 4 e 13 de Novembro. Não percam!

quinta-feira, novembro 3

Escrever Sobre a Escrita



Robert Mckee é o pai da "biblía" de todos os argumentistas. Story: Substance, Structure, Style and the Principles of Screenwriting analisa não apenas a estrutura, mas o conteúdo; aquilo que faz de uma história uma BOA história.

Alguns alunos de Mckee (que iniciou uma série de Seminários em vários países) ganharam já diversos prémios - Óscares da Academia, Emmys, WGA, DGA, entre outros.

Tive a oportunidade de estar presente num dos Seminários "Story" que este guru deu em Portugal (Novembro de 2008). Foram três dias intensos de absoluta paixão por contar histórias. É a constante reflexão de um homem que dedicou uma vida ao estudo da arte, da estrutura, do género, da construção. Uma experiência que ficará sempre.

Deixo um artigo da CNN (Todd Leopold, 2004) com uma breve entrevista a Mckee.

Afinal, também há arte na escrita sobre a escrita.